Nos últimos tempos, parece que romantizar a solidão e a autossuficiência virou moda, como se isso fosse o verdadeiro símbolo de força. No entanto, pergunto-me: onde ficou o sentido de evolução e aprendizado? Onde viver ganha significado por meio de um propósito e de valores construídos na convivência consciente?
Pessoas são diferentes, mas, por amor e pelo desejo de evoluir, escolhem compartilhar a vida. A verdadeira força e evolução não se encontram em se isolar ou viver sozinho. O individualismo excessivo pode levar a um afastamento não apenas de outras pessoas, mas também de si mesmo, contribuindo para o desenvolvimento de transtornos mentais e comportamentais.
A solidão pode intensificar características narcisistas ou psicopáticas, onde o foco se volta exclusivamente para o eu, sem espaço para a empatia ou conexão genuína. Será que essa força mascarada de evolução não está interligada a um vazio profundo, a uma vida sem significado comum?
Assim como os poetas e artistas que lutaram por causas e deixaram legados, muitos não transcendem gerações e apenas sobrevivem, sem transmitir esperança. Além disso, a comunhão com Deus se torna questionável quando se vive isolado. Aqueles que acreditam em Deus, mas se afastam dos outros, não percebem que Ele nunca se escondeu. Ele veio ao mundo, levou sua sabedoria e curou vidas através de suas palavras.
Essa ilusão de autoengano pode ser uma forma de evitar a dor da solidão, mas não substitui a necessidade de laços significativos. Sinto saudade do período da pandemia, quando, apesar da dor, houve uma reflexão coletiva sobre o valor da conexão. Naquele momento, as pessoas perceberam que precisavam umas das outras, baixaram suas defesas e se sentiram livres para dizer “eu te amo”. Valorizaram o cotidiano e as pequenas coisas.
Esse resgate do sentido humano pareceu essencial, e hoje sinto falta desse espírito. Afinal, a verdadeira evolução e força residem na capacidade de se conectar com os outros, de construir relacionamentos significativos que nos enriquecem e nos fazem crescer.